sábado, 10 de abril de 2010

Viadutos inacabados na BR-06


CORREIO BRAZILIENSE - DF | CIDADES
DNIT - 09/04/2010

Não há previsão para a retomada da obra em dois pontos de ligação da estrada com vias doDF, uma em Samambaia e outra perto do Gama
» NAIRA TRINDADE

As obras de dois viadutos na BR-060 (Brasília-Goiânia), avaliados em mais de R$ 10 milhões, estão paralisadas há pelo menos quatro meses à espera de transferência de uma rede elétrica e regularização judicial. No primeiro ponto, no entroncamento com a DF-180, na altura de Samambaia, as chuvas fortes transformaram a parte inferior do viaduto, que ainda não possui capa asfáltica, em um verdadeiro lamaçal. Mais adiante, na junção da BR-060 com a DF-290, no Núcleo Rural Engenho das Lages, no Gama, motoristas sofrem com engarrafamentos.

Ambos estão incluídos num projeto de recuperação da RODOVIA, que se arrasta desde 1999. De acordo com o diretorgeral do Departamento de ESTRADAS de Rodagem (DER) do Distrito Federal, Luiz Carlos Tanezini, não há previsão para a retomada e a conclusão das obras.

A novela que envolve os dois viadutos ao longo da BR-060 tem capítulos diferentes. O último episódio que justifica a paralisação do primeiro entroncamento com a DF-180 é a proximidade entre uma das pistas da estrutrura e a rede de energia elétrica. A construção da parte superior da via está pronta. Carros, motos e carretas usam a RODOVIA nesse ponto. No entanto, quem vem do Gama pela DF-180 sofre com a situação da parte inferior, que está apenas no esqueleto. Sem asfalto, as chuvas formam valas desniveladas na lama. Alguns motoristas mais destemidos se arriscam a ultrapassar no trecho inacabado, embora, teoricamente, ele esteja interditado.

Caminhões pesados carregados descem as alças do viaduto sem asfalto para fazer o retorno na pista. Apesar de o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) garantir que não há riscos de desmoronamento nas laterais não finalizadas, o Correio flagrou veículos em situações de perigo durante as cerca de duas horas que permaneceu no local. O cuidado deve ser tomado também pela principal razão da interrupção da obra: choque elétrico. A conclusão do trecho depende da remoção de uma rede de transmissão de energia de 138 mil volts, que ficou perto da RODOVIA devido ao alargamento da pista. "É a rede que abastece Santa Maria, Monjolo e parte do Gama. A transferência é um processo de engenharia civil complexo. A licitação demorou mais que o normal por ser difícil encontrar empresas especializadas", contou o diretor de Engenharia da Companhia Energética de Brasília (CEB), Antônio de Pádua Gonçalves Novaes.

Segundo Novaes, os veículos precisam de uma distância de segurança da rede de energia. "Naquele viaduto, a distância não é segura. A insistência em utilizar a via pode resultar num ACIDENTE de descarga elétrica fatal", pontuou.

"Mas contratamos uma empreiteira para a realização das obras, que devem terminar em 90 dias", adiantou. A mudança de local do ponto de transmissão deve custar R$ 800 mil ao governo federal.

Procurada pelo Correio, a Trier Engenharia, responsável pela edificação da bifurcação da DF-180, não retornou as ligações para comentar as razões de a modificação não estar prevista no projeto licitado inicialmente

Orçamento O complexo da BR-060 que passa por revitalização conta com 60km (30km em cada sentido). Estão previstos três viadutos, um no entroncamento da DF-280, outro na DF-180 e também na DF-290. Apenas o primeiro está concluído. O custo de toda a recuperação está orçado em R$ 70 milhões.

Contaminação O imbróglio sobre o viaduto da BR-060 com a DF-290 envolve órgãos ambientais. No fim do ano passado, a empreiteira Premenge, responsável pela edificação do viaduto, recebeu multa de R$ 101.790 por ter deixado vazar asfalto para um córrego na divisa entre o DF e Goiás. A obra acabou embargada e os serviços só foram retomados após a completa limpeza do manancial. O ACIDENTE deixou os 5 mil moradores do Núcleo Rural Engenho das Lajes por mais de 40 dias sem água potável encanada. Um caminhãopipa da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), custeado pela Premenge, abasteceu a comunidade até 1º de fevereiro.

Eram necessários cerca de 30 carregamentos por dia.

Para a liberação do manancial, a Caesb avaliou quatro laudos diferentes emitidos por laboratórios de São Paulo, Goiânia e de Brasília.

O asfalto diluído de petróleo é tóxico e pode causar vários males

Punição A Lei Federal nº 9.605/98 regulamenta as sanções penais e administrativas aos responsáveis por danos à natureza. Entre outras determinações, a legislação prevê multa e prisão de um a quatro anos em caso de poluição do meio ambiente que possa causar danos à saúde das pessoas e morte de animais e de plantas.

à saúde. Além de cancerígena, a inalação pode provocar dor de cabeça e náuseas, a fumaça em contato com a pele pode desenvolver dermatite, e o contato direto com o produto, queimaduras.

O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) chegou a registrar ocorrência na Delegacia Especial do Meio Ambiente (Dema) responsabilizando os técnicos da Premenge pelo ACIDENTE.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também vistoriou a área. Em dezembro, a equipe orientou funcionários da empreiteira sobre como conter o óleo e limpar as partes próximas à obra.

No mês passado, após a descontaminação do rio, antes da liberação da obra, o órgão voltou a embargála, alegando que a construção do viaduto não consta no edital de recuperação da estrada. A multa, desta vez, chegou a R$ 1 milhão.

"Como vamos construir um trecho de ligação de vários pontos de mão dupla sem a construção de um viaduto? Recorremos contra a notificação e esperamos a decisão", contou Tanezini, diretor-geral do DER.

Advogado a Premenge, Leo Rocha Miranda explica que a empresa recorreu das notificações, mas que, devido à greve do Ibama, não recebeu nenhuma resposta

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