quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Regularização


Obra em APP ameaça o sonho da legalização de parcelamentos


Helena Mader
Publicação: 30/12/2009 08:16 Atualização: 30/12/2009 08:21

A grilagem de terras no Distrito Federal ignorou o planejamento urbano da cidade e, principalmente, o meio ambiente. Sem a devida aprovação de projetos, centenas de casas foram erguidas indevidamente à beira de córregos, nascentes e até mesmo do Lago Paranoá, o principal cartão-postal da cidade. O desrespeito à legislação ambiental agora cobra o seu preço. Os moradores que construíram em lotes classificados como Àreas de Preservação Permanente (APP)(1) hoje convivem com ameaças de derrubadas e, apesar do investimento alto em estudos de impacto ambiental, não conseguem regularizar seus lotes.
Jadilson Menezes, do Residencial Planalto, diz que o curso d%u2019água é formado por água da chuva - (Adauto Cruz/CB/D.A Press )
Jadilson Menezes, do Residencial Planalto, diz que o curso d%u2019água é formado por água da chuva


A ocupação de APPs é também um problema político. Operações de derrubada de casas, onde famílias vivem há décadas, são sempre medidas impopulares. Apesar da pressão dos órgãos ambientais e até mesmo do Ministério Público Federal, apenas obras em andamento ou estruturas, como muros e churrasqueiras, foram demolidas nos últimos anos. Enquanto isso, a comunidade de parcelamentos com terrenos em APP luta na Justiça para permanecer e até mesmo para questionar a classificação dos imóveis como áreas de preservação permanente.

Vicente Pires é uma das regiões mais atingidas por esse problema. O primeiro estudo, realizado há quatro anos, apontou a existência de pelo menos 500 casas construídas à beira de córregos ou em áreas com solo de vereda. O número assustou a população e o governo começou a estudar a possibilidade de transferência de famílias para outros terrenos dentro do próprio bairro. Mas a retirada de pessoas de áreas de preservação permanente não avançou. Muitos moradores recorreram questionando a classificação. A palavra final será do Instituto Brasília Ambiental, encarregado de fazer a análise do estudo de impacto ambiental (Eia-Rima). De acordo com o Ibram, ainda não há prazo de quando a avaliação do documento será concluída.

Na região do Grande Colorado, o número de casas em APP é bem menor do que em Vicente Pires: 138, segundo o Eia-Rima da região, que engloba ainda os setores Contagem e Boa Vista. A maioria dos lotes classificados como áreas de preservação permanente está nos condomínios próximos à rodovia DF-150. Muitas casas foram erguidas a uma distância pequena do córrego Paranoazinho. Mas a comunidade argumenta que a erosão, provocada por obras na rodovia, causou o problema, já que o desgaste do solo reduziu a distância entre as construções e o curso d’água.
A derrubada de imóveis irregulares não resolveu o problema, apenas acirrou a revolta dos moradores... - (Gustavo Moreno/CB/D.A Press - 10/4/07)
A derrubada de imóveis irregulares não resolveu o problema, apenas acirrou a revolta dos moradores...


No condomínio Residencial Planalto, à beira da DF-150, nove casas margeiam um curso d’água que cruza os fundos do parcelamento. Essas residências estariam situadas na APP, informação que é questionada pela população. O síndico do condomínio, Jadilson Menezes, afirma que a água não vem de uma nascente. “Isso é água da chuva. Técnicos já nos informaram que isso é apenas uma grota seca”, afirma Jadilson. “Quando não chove, não tem água aqui. Então, está claro que não se trata de água de nascente e, portanto, isso não é uma APP”, acrescenta.

Baixa renda
Aprovada em março deste ano, a Medida Provisória 459 do governo federal permitiu a regularização de ocupações de baixa renda construídas em áreas de preservação permanente, desde que houvesse um laudo técnico favorável. Deputados federais de Brasília apresentaram emendas para incluir os condomínios de classe média na MP. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados, mas vetada pela presidência da República.


O gerente de Regularização de Condomínios do GDF, Paulo Serejo, defendia a extensão dos benefícios para os parcelamentos de média renda. Ele classifica a legislação como muito rígida e diz que, o ideal, seria que algumas construções pudessem ser regularizadas, caso a permanência não causasse danos ao meio ambiente. Nessas situações, o morador pagaria pelas mitigações correspondentes. “Há casos em que a derrubada em si já causaria muito mais impacto do que a própria permanência das famílias. O ideal seria que um técnico pudesse dar um parecer caso a caso, de acordo com a situação”, defende Serejo.

No condomínio Villages Alvorada, no Lago Sul, um dos empecilhos à regularização é a ocupação da margem do espelho d’água. Em dezembro do ano passado, o governo chegou a incluir o parcelamento em uma lista de áreas a serem regularizadas, mas o Ministério Público do DF determinou a suspensão do processo até que seja concluída a retirada de 10 casas que estão a menos de 30 metros da margem do Lago Paranoá.

Além da proximidade com córregos ou com o lago, há condomínios que têm casas construídas em terrenos com declividade acima do permitido. No Ville de Montagne, no Setor São Bartolomeu, por exemplo, dezenas de casas estão na beira de um vale. “Nesse caso, também há divergências, porque alguns geólogos afirmam que a declividade não configura uma borda de chapada e, assim sendo, não se trataria de uma APP. Ainda não há definições quanto a isso”, afirma o gerente de Regularização, Paulo Serejo.

O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em maio de 2007 entre o Ministério Público e o GDF, veda expressamente a regularização de qualquer construção em APP. O TAC dá prazo de dois anos, a partir da expedição da licença ambiental de instalação, para que o governo faça a desobstrução de todas as APPs de cada condomínio. “Nossas promotorias de Defesa do Meio Ambiente estão acompanhando esse processo de perto. No Lago Sul, por exemplo, há varias ações contra moradores que ocuparam a margem do lago”, afirma o promotor Libânio Rodrigues, assessor de Políticas Institucionais do Ministério Público do DF.


1 - Estabilidade ecológica
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são consideradas de relevante importância ecológica, sejam elas cobertas por vegetação nativa, ou não. Elas têm como função primordial preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade da fauna e da flora, além de garantir a proteção do solo.

Requisitos de uma APP

De acordo com o Código Florestal, são classificadas como Áreas de Preservação Permanente (APP):

Áreas a menos de 30 metros de cursos d\'água com menos de 10 metros de largura;

Áreas com distância inferior a 50 metros para os cursos d\'água que tenham de 10 metros a 50 metros de largura;

Áreas de até 100 metros para os cursos d\'água que tenham
de 50 a 200 metros de largura; (seiscentos) metros;

Terrenos ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d\'água naturais ou artificiais;

Regiões de nascentes, ainda que intermitentes e os chamados &quotolhos d\'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 metros de largura;

O topo de morros, montes, montanhas e serras;

As encostas ou partes destas, com declividade superior a 45;

As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

As bordas dos tabuleiros ou chapadas

Áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mercado Imobiliário


Metro quadrado dos imóveis sobe em média 20% a 25% a cada 12 meses

Diego Amorim
Publicação: 27/12/2009 08:25 Atualização: 27/12/2009 08:41 - Correio Braziliense
Nos últimos cinco anos, o mercado imobiliário do Distrito Federal vem mantendo um forte ritmo de valorização. A cada ano, o preço do metro quadrado sobe em média entre 20% e 25%. Ao lado do Rio de Janeiro, o DF fica atrás apenas de São Paulo em volume de vendas e faturamento. Em 2009, a valorização foi ainda mais forte. Nos primeiros lançamentos do Setor Noroeste, o preço do metro quadrado, que já beira os R$ 10 mil, assustou, mas ainda assim não faltaram compradores. Pelas previsões do setor, o metro quadrado deve chegar em breve a R$ 12 mil. Antes restrita ao Plano Piloto, cujo tombamento explica em parte a disparada de preço dos espaços, a valorização se expandiu para as demais cidades do DF e até mesmo para o Entorno.

De acordo com o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Adalberto Valadão, em 2009 a valorização do metro quadrado variou de 15% a 40%, dependendo da localidade. "A tendência é de um 2010 ainda melhor. Há muita gente querendo comprar, a demanda é grande. E os financiamentos, que voltaram a existir com abundância, estão cabendo no bolso das pessoas. A explosão do mercado começou há cinco anos e ainda não parou", afirma.

O surgimento de novas áreas para investimento aqueceu o mercado em 2009. O foco das empresas não se restringiu ao Plano Piloto e a Águas Claras. Com a escassez de terrenos livres na região central, as incorporadoras descobriram um nicho próspero em cidades como Samambaia, Ceilândia e Taguatinga, além de Valparaíso e Águas Lindas, ambas em Goiás. É cada vez maior o número de investidores nessas áreas periféricas. Muitos que não podem desembolsar R$ 10 mil por metro quadrado no badalado Noroeste, por exemplo, pagam até quatro vezes menos longe do Plano.

Os lançamentos nas cidades do DF fizeram a Brasal Incorporações ter um ano considerado excelente, com um montante de R$ 250 milhões em vendas. "Levamos para Samambaia, Ceilândia e Gama propostas de condomínio que antes eram exclusivas da classe alta", comenta o diretor da empresa, Dilton Junqueira. Em Samambaia, todas as 360 unidades de um mesmo empreendimento foram vendidas em menos de um mês. A expectativa para o ano que vem é movimentar R$ 400 milhões. Cinco novos empreendimentos estão previstos: três no Noroeste e dois em Samambaia.

Previsões
As imobiliárias estimam que 20% dos imóveis vendidos este ano no DF se incluem no chamado segmento econômico, cujo valor do metro quadrado não passa de R$ 2,5 mil. O programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, oxigenou esse mercado. Atentas a essa expansão, empresas locais e de fora têm se preparado para uma nova realidade. O Grupo Lopes Royal, por exemplo, trouxe para Brasília a Habitcasa, especializada em imóveis do segmento econômico. A nova empresa vai atender, em 2010, interessados em comprar imóveis de até três quartos nas cidades do DF e Entorno.

Há um ano, a construtora e incorporadora Rossi, presente em 61 cidades do Brasil, abriu escritório na capital federal para fechar parcerias no Setor Noroeste e também algumas voltadas para as classes C e D. No primeiro semestre de 2010, começarão as vendas de unidades de condomínios nas cidades goianas de Valparaíso e Cidade Ocidental. A comercialização ficará por conta da Rossi Ideal, empresa criada para cuidar especificamente dessa modalidade. Os apartamentos custarão a partir de R$ 64 mil. As obras devem gerar pelo menos 3 mil empregos.

Em parceria com a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários, a Rossi lançou dois empreendimentos no Noroeste: um prédio com apartamentos de dois e três quartos e outro com apartamentos de quatro quartos. O tamanho dos imóveis, que ficarão prontos só em 2012, varia entre 73 e 536 metros quadrados. O preço gira em torno de R$ 9 mil o metro quadradro. "Brasília é um dos principais mercados do país, por isso queremos chegar para ficar", diz o diretor regional da Rossi, Frederico Kessler.

A valorização do Noroeste impressiona. Em novembro último, as primeiras quitinetes do bairro chegaram a ser comercializadas por meio milhão de reais. Os imóveis têm entre 31 e 67 metros quadrados e chegam a custar R$ 556 mil. Apesar do preço, quase todas as unidades desse empreendimento estão vendidas. Aliás, cerca de 80% das projeções lançadas no Noroeste já têm dono. O bairro será o último setor habitacional a ser construído na área tombada de Brasília. (colaborou Mariana Flores)

Financiamento
Programa que promete viabilizar a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 4.650). Para isso, o financiamento é facilitado e o governo faz parcerias com estados, municípios e iniciativa privada.

Mão de obra
O mercado imobiliário aquecido traz à tona o problema da falta de mão de obra na construção civil. Na tentativa de suprir o deficit, os empregadores têm recrutado gente em Goiás e Minas Gerais e nas regiões Norte e Nordeste. Em 2009, o setor foi o que mais absorveu mão de obra no DF. Mesmo assim, as 65 mil pessoas empregadas em canteiros de obra não são suficientes para atender a demanda.

Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense deste domingo (27/12)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Desmatamento



Ataque ao resto de cerrado »Obra do Parque Burle Marx desmata últimos pontos de vegetação intacta do Plano PilotoEmpresa responsável pela obra teria sido multada


Daniel Brito
Publicação: 26/12/2009 07:57 Atualização: 26/12/2009 11:26

A ideia do primeiro bairro ecologicamente correto de Brasília está saindo do papel da forma menos ecológica possível. O projeto de urbanização do Setor Noroeste e do Parque Burle Marx vem causando grandes prejuízos às últimas áreas de cerrado nativo do Plano Piloto. Quem constatou foi o Fórum das ONGs ambientalistas do Distrito Federal, que congrega 48 movimentos de defesa do meio ambiente.

Há duas semanas, quando um dos membros do Fórum passava pela pista que liga a Via Epia ao final da W3 Norte, percebeu a ação dos tratores dentro do cercado que delimita o Burle Marx. Eles avançavam sobre a vegetação de árvores baixas e galhos retorcidos, típicos do cerrado, e faziam a terraplanagem da área. Ontem, havia uma grande vala no mesmo local, cuja forma lembra uma pequena lagoa, semelhante à do Parque da Cidade.

Uma sequência de montanhas de barro vermelho saindo da margem sul da vala em direção à área onde serão erguidos os prédios residenciais denunciava que uma galeria de águas pluviais é construída em detrimento à vegetação. "Esta é uma área de cerrado intangível, que jamais foi mexido desde a construção de Brasília", disse Mara Moscoso, coordenadora do Fórum das ONGs ambientalistas da capital.

A queixa do Fórum é justificada pelo último plano de manejo do Parque Burle Marx, datado do início de 2009. "De acordo com o documento, não estava prevista a construção de uma lagoa artificial neste local", apontou Mara Marchetti, voluntária de uma das ONGs do Fórum. "Da última vez que estivemos aqui, duas semanas atrás, não havia esta vala", constatou Simone Messias, que também atua no movimento.

O Parque Burle Marx possui 56 hectares de área de cerrado intangível. Devido à proximidade com a Floresta Nacional de Brasília (Flona), situada do outro lado da Via Epia, a menos de três quilômetros em uma linha reta desde a cerca do Burle Marx, o parque funciona como um refúgio para algumas espécies que habitam a Flona. Tatus, raposas, araras, tucanos e até lobos-guarás circulam justamente na área devastada. "Existem outros pontos no parque que estão deteriorados e, por isso mesmo, seria melhor que fosse feita qualquer obra nessas áreas. Pelo menos a área intacta permaneceria assim", sugeriu Mara Moscoso.

Representantes do Fórum foram ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram), órgão público distrital responsável pela fiscalização do meio ambiente, e oficializaram a denúncia. A irregularidade teria sido constatada e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) teria multado a empresa Basevi em R$ 250 mil pelo desmatamento. A reportagem tentou contactar o Ibram e o Ministério Público, mas não obteve retorno.

2 mil jardins
Nascido em 1909, o paulista Roberto Burle Marx morreu aos 84 anos, no Rio de Janeiro, com a extraordinária marca de 2 mil jardins projetados no Brasil e no exterior. A história do paisagismo de Brasília jamais poderá ser contada sem que seu nome seja citado. Entre as inúmeras obras de arte viva que deixou na capital, é de ressaltar o Parque da Cidade, o jardim do espelho d%u2019água do Palácio do Itamaraty e a arborização de todo o Eixo Monumental.

Consulta pública
Outra reclamação do Fórum diz respeito à falta de diálogo com a população. "Não houve uma consulta pública para saber se a comunidade que vai frequentar este parque gostaria que tivesse uma pista de cooper ou de ciclismo, um pedalinho ou um parque de diversões", lamentou Mara Moscoso.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

BR-020

DNIT entrega duplicação de 25 quilômetros da BR-020 no DF

20/12/2009 - 19:20:38



O Diretor Geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, entrega na próxima segunda-feira (21), às 11h, a duplicação de um trecho de 25 quilômetros da BR-020 no Distrito Federal, localizado entre o km 33 e o km 58. A obra é um convênio entre o Governo Federal e o Governo do Distrito Federal, e está avaliada em R$ 94 milhões.
O empreendimento compreende ao todo 43 quilômetros de extensão. Estão em andamento os serviços de construção de vias laterais no trecho já duplicado, entre o km 0, no Balão do Colorado, e o km 9, na entrada de Sobradinho. No outro segmento, entre o km 23 e o km 58, são executadas as obras de duplicação.
O empreendimento prevê também a implantação de quatro viadutos, além da duplicação de 3 pontes. São realizadas também, obras complementares ao longo da rodovia, como a construção de vias marginais de acesso aos condomínios às margens da BR-020 e obras de arte correntes, como bueiros para o escoamento de águas pluviais.
A BR-020 é a única ligação da região Centro-Oeste à região Nordeste do país. Por ela trafegam diariamente 60 mil veículos.
DNIT

domingo, 20 de dezembro de 2009

Loteamentos


Condomínio Alto da Boa Vista, em Sobradinho, tem projeto urbanístico aprovado


Adriana Bernardes
Publicação: 20/12/2009 08:45 - Correio Braziliense

Em 90 dias, os moradores do Condomínio Alto da Boa Vista, na região de Sobradinho, devem receber as escrituras dos 2.440 lotes. O parcelamento foi regularizado em uma cerimônia na tarde deste sábado (19/12), com a aprovação do projeto urbanístico. E, hoje, será a vez de os moradores do Quintas Interlagos, no Jardim Botânico, comemorarem a legalização. Às 9h30, será assinado o decreto de regularização do projeto urbanístico e ambiental do loteamento.

O secretário Executivo do Grupo de Análise de Parcelamentos do GDF (Grupar), Paulo Serejo, explicou que a Licença de Instalação (LI) do Alto da Boa Vista, que permite o início das construções, será emitida apenas na segunda quinzena de janeiro de 2010. Por isso, os moradores terão de esperar a emissão da LI para dar início às edificações. Já o Quintas Interlagos tem a LI.

Faz pouco mais de sete meses que o servidor público José Monte Aragão, 56 anos, mudou-se para o Condomínio Alto da Boa Vista. Ele espera que a regularização agilize também as obras de infraestrutura. “Aqui, só temos asfalto na via principal. Mas tenho muita fé que esse será um dos melhores condomínios. Existe uma preocupação grande com o meio ambiente e já temos vários benefícios como água e luz”, comentou.

A presidente da União dos Condomínios Horizontais do DF (Unica), Junia Bittencourt, destacou que o Alto da Boa Vista é um parcelamento modelo porque a ocupação foi interrompida para seguir as etapas corretas de legalização. “Eles interromperam a implementação por conta de uma grande área de preservação de mananciais. Hoje, não há mais esses conflito”, diz.

Quanto à escrituração dos imóveis, Junia é menos otimista que Paulo Serejo. Ela acredita que a questão fundiária deve se arrastar por mais um ano. “Os cartórios fazem muitas exigências. Verificam a poligonal, se o documento do proprietário não tem pendências. Isso é muito demorado”, explica. Segundo Junia, condomínios regularizados há um ano e meio ainda não conseguiram as escrituras.

Quintas Interlagos

Na manhã de hoje, será a vez dos moradores do Quintas Interlagos, na região do Jardim Botânico, receberem o decreto de regularização. Assim como o Alto da Boa Vista, as terras são particulares. O parcelamento existe desde 1985, tem 190 lotes e cerca de 800 moradores. Para Junia Bittencourt, os dois condomínios têm um grande desafio pela frente. “Muitos empreendedores não querem se responsabilizar pela infraestrutura. Mas o importante é que, apesar dos problemas políticos, a questão administrativa do governo está andando. Isso é um alívio para quem mora em condomínio”, finalizou.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DF tem média de 307 carros vendidos por dia


VEÍCULOSA previsão das revendedoras é comercializar 112 mil unidades até o fim do ano. Nos primeiros 11 meses, foram comprados 103.409 automóveis, ou 283 por dia. Hoje, a frota local supera 1,2 milhão

Diego Amorim
Publicação: 17/12/2009 07:18 Atualização: 17/12/2009 08:22
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Nunca se vendeu tanto carro no Distrito Federal como em 2009. O ano terminará com um recorde histórico do setor. Dados do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do DF (Sincodiv-DF) divulgados esta semana apontam que, até novembro, foram emplacados 103.409 veículos, um aumento de 17,86% em relação ao mesmo período do ano passado. Quando as vendas de dezembro entrarem na conta, os empresários vislumbram que esse número poderá chegar a 112 mil, ou seja, a 306,8 unidades por dia. Em 2008, 94.773 veículos saíram das concessionárias — patamar alcançado, este ano, em outubro. 

O número de vendas em novembro — 7.886 veículos — foi menor em relação ao mês anterior (11.222 veículos), mas superior frente ao mesmo mês de 2008 (6.146 veículos). No fim do mês passado, o governo federal prorrogou até março de 2010 a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros flex(1). O benefício adotado diante da crise que começou a assustar o mundo há um ano foi fundamental para manter o consumo aquecido. A renúncia fiscal custará R$ 1,3 bilhão aos cofres públicos. O governo acredita que esse valor será facilmente recolhido dos tributos associados ao aumento das vendas. 

As taxas de juros que dispararam no segundo semestre de 2008 recuaram ao longo deste ano e facilitaram o financiamento de carros. Cerca de 75% dos compradores do DF financiam o veículo. Os prazos de pagamento, que chegaram a ficar limitados a até 48 meses, foram expandidos. Hoje, o consumidor pode comprar um carro zero sem dar um real de entrada e ainda dividir em até 72 vezes, ou seja, seis anos. “Além disso, os bancos voltaram a irrigar o crédito na praça, e a acreditar no consumidor. De longe, este é o melhor ano da história para o mercado”, avalia o presidente do Sincodiv-DF, Ricardo Lima. 

O microempresário Rosivan Tavares, 35 anos, saiu ontem de casa decidido a comprar um carro. E o fez depois de visitar duas concessionárias. Sem dar nada de entrada, levou um Fiat Uno flex, que será pago em 60 parcelas de R$ 744. “Ganhei um ano de garantia, emplacamento e o IPVA de 2010”, listou ele os benefícios que o fizeram fechar negócio. “Hoje, basta ter o nome limpo que qualquer um consegue comprar um carro novo”, completa. Esta semana, Tavares devolverá ao irmão o carro que usou emprestado durante meses. “Precisava de um carro novo. Só na última sexta-feira, gastei R$ 200 com manutenção de um Palio 2007”, conta. 

Com o 13º salário no bolso, muita gente aproveita para trocar de carro nesta época do ano. O movimento nas concessionárias é grande, cenário bem diferente de um ano atrás, quando as notícias sobre a crise mundial desanimaram os consumidores e forçaram o governo a reduzir o IPI. A empresária Daniela Silva, 27, ainda não sabe que carro comprar. Está em dúvida entre dois modelos. A certeza é que não passará o ano novo de carro velho. “Hoje, está muito mais fácil comprar. As facilidades oferecidas são tentadoras”, comenta. O carro zero será usado na primeira viagem da família em 2010. 

Redução do imposto 
O conceito de IPI Verde — diminuição dos tributos de produtos que prejudicam menos o meio ambiente — começou com a prorrogação da desoneração da chamada linha branca (eletrodomésticos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar). No caso dos carros, o governo decidiu, em outubro, que retiraria o benefício até o fim de janeiro. As vendas cresceram muito e os planos foram alterados 

Volks lidera o mercado
Em novembro, segundo levantamento do Sincodiv-DF, a Volkswagen foi a marca que mais vendeu carros. Foram 2.284 automóveis emplacados. O Gol é o mais vendido no acumulado do ano. “A perspectiva para 2009 não era boa para o setor, as projeções preocupavam muito. Mas o balanço é positivo e nos surpreendeu”, afirma o gerente comercial do Grupo Brasal, Mário Celso de Araújo. Ele estima um crescimento de 12% a 13% nas vendas em relação ao ano passado. “Ainda não fechamos as contas do ano. Ainda temos metade do mês e os dois últimos fins de semana, que costumam ser excelentes”, pondera. 

Na segunda posição no ranking das marcas mais vendidas está a Fiat, com 2.128 veículos. “Além da redução do IPI, as taxas de crédito voltaram ao patamar anterior à crise e atraíram os clientes”, diz o gerente comercial da Bali, Ricardo Braga. A concessionária vendeu, até novembro, 13 mil automóveis novos e seminovos. Na próxima semana, a Fiat deve lançar uma promoção para manter as vendas aquecidas no início do ano que vem. Um Fiat Uno poderá ser comprado com até 72 parcelas de menos de R$ 500, sem entrada. “Pessoas que nunca imaginaram comprar um carro zero na vida estão comprando”, observa Braga. 

De acordo com o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), a frota da capital federal já ultrapassa 1,2 milhão de carros. A tendência é que em 2010 — quando o DF ganhará mais seis concessionárias, chegando a 50 — seja um ano ainda melhor para o setor. Mercado ainda mais aquecido significará um aumento ainda maior da frota. “O problema não são os carros novos. Temos que nos preocupar é com os que já têm mais de 15 anos de uso e continuam circulando na cidade”, avalia o presidente do Sincodiv-DF. Segundo ele, o Brasil ainda consome poucos carros, se comparado a países como a Argentina.