segunda-feira, 26 de abril de 2010

Principais viadutos do Plano Piloto chegam aos 50 anos com problemas na estrutura


INFRAESTRUTURA »
Entre eles, corrosão das ferragens, deterioração do concreto e deficiências nas fundações. Para especialistas, em alguns casos reformas são urgentes

Juliana Boechat - Correio Braziliense
Publicação: 26/04/2010 08:19 Atualização: 26/04/2010 19:42
Construídos há quase 50 anos, os viadutos da área central de Brasília expõem os sinais do tempo. Corrosão das ferragens, deterioração do concreto e deficiências nas fundações são os principais problemas de grande parte das pistas suspensas da capital federal. O problema passa despercebido aos pedestres e aos motoristas. Mas basta olhar com cuidado para perceber ferros à mostra, buracos na laje e rachaduras no concreto. Normas internacionais da engenharia civil preveem vistoria constante e manutenção preventiva dos viadutos. A Novacap garante que a inspeção é feita com frequência e que nenhum viaduto corre o risco de cair. Este ano, o Governo do Distrito Federal prevê investimento de R$ 30 milhões na reforma de seis deles, todos localizados no coração de Brasília.

As construções da capital federal ainda são jovens, segundo especialistas. Construídas para atender cerca de 500 mil habitantes, as estruturas da cidade sofrem para comportar as mais de 2 milhões de pessoas de hoje. Há quatro anos, o Buraco do Tatu deu o primeiro sinal de saturação. Parte do asfalto cedeu e uma cratera se abriu na pista (leia a Memória). Após inspeção, especialistas perceberam que os cabos de aço do viaduto estavam corroídos. A via foi totalmente interditada para uma obra profunda nas estruturas. Em seguida foi a vez da plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto passar pela reforma. As duas estruturas são consideradas saudáveis.

Logo após o incidente, um grupo de engenheiros civis da Universidade de Brasília (UnB) percorreu 21 viadutos que cercam o miolo de Brasília a fim de identificar problemas parecidos com os do Buraco do Tatu. Ficou constatado que a maioria necessitava de reforma. “As estruturas estão sendo cada vez mais solicitadas com a quantidade de carros e o peso dos veículos. Tudo isso influi na manutenção dos viadutos. Devem ser feitas as inspeções rotineiras e as mais profundas. Em alguns casos, devem acontecer de dois em dois anos”, explicou o professor de engenharia civil da UnB Antônio Nepomuceno. Segundo ele, nada foi feito até agora. “A preocupação em torno dos viadutos repercute diretamente na segurança dos usuários. Inspeções pequenas resolveriam o problema e, então, não seria necessário causar transtorno à população”, completou.

Exemplo ruim
O viaduto que passa por cima do Eixo Monumental e liga o Setor Hoteleiro Norte ao Setor Hoteleiro Sul é um dos que sofrem problemas estruturais, segundo o professor Antônio Nepomuceno. “A base dele é a mesma da plataforma da Rodoviária e do Buraco do Tatu. Como nunca passou por reformas, ele deve estar correndo perigo”, concluiu. Debaixo da laje é possível identificar goteiras e exposição da estrutura de sustentação metálica. O Correio percorreu a área central de Brasília a fim de identificar algumas patologias nas estruturas dos viadutos. Com exceção do Buraco do Tatu, todos os outros apresentavam problemas (veja detalhes na arte abaixo).

Os dois viadutos que cortam o Eixão na altura do Setor de Autarquias Norte passaram por reformas superficiais há 15 anos. Na época, as trincas da laje e as infiltrações foram remendadas. Quase duas décadas depois, as estruturas necessitam de reparos profundos. “Novas fendas estão surgindo. A ferragem está solta e à mostra. Desse jeito, a água entra pela trinca, corrói o ferro e deteriora a estrutura de sustentação”, explicou Dickran Berberian, professor de engenharia civil da UnB. Mesmo em dias de sol, pinga água sem parar sob as estruturas. “Os viadutos precisam de reforma urgente. É importante manter as inspeções a fim de economizar e salvar vidas”, disse Dickran.

Na Asa Sul, o problema se repete no viaduto localizado em frente ao Conic. As infiltrações nas juntas da laje chamam atenção. De longe é possível identificar as fendas na fachada da estrutura. Algumas pastilhas se descolaram. A poucos metros dali, na via S2, o problema é outro: os pilares dos pequenos viadutos que ligam o centro de Brasília ao Setor Comercial Sul. A estrutura sofre com a quantidade de pessoas que urinam na base dos viadutos. É fácil encontrar um pilar sem concreto e com ferros à mostra. E, na maioria das vezes, enferrujados.

Inspeções são feitas, diz GDF

Dickran Berberian, da UnB: "Os viadutos precisam de reforma urgente"
O Governo do Distrito Federal garante a periodicidade das inspeções. Mas, segundo o secretário de Obras, Jaime Alarcão, as reformas são realizadas conforme a necessidade e a disponibilidade de recursos financeiros. “Nós estabelecemos prioridades e selecionamos quais viadutos precisam mais de uma intervenção. Estamos zerando uma dívida com o passado para então atender às necessidades presentes”, explicou.

Ainda este ano, a Novacap e a secretaria terão R$ 30 milhões para reformar seis viadutos centrais de Brasília considerados em estado crítico pelos dois órgãos — valor gasto na reforma do Buraco do Tatu, em 2006. Especialistas realizaram o levantamento dos pontos críticos, firmaram o projeto e abriram a licitação. Mas ainda não há data para o início das obras.

As intervenções serão feitas apenas nos pontos danificados dos viadutos. Em seguida, o governo promete reformar outros viadutos menos prejudicados. O presidente da Novacap, José Alves de Melo Júnior, garante que nenhum viaduto está condenado. Segundo ele, o envelhecimento das estruturas dos viadutos é normal. “A oxidação das estruturas é um problema comum nas estruturas antigas. E isso é normal com o passar do tempo. Nós inspecionamos esses viadutos sempre. Mas, às vezes, nos faltam recursos para tratá-los”, disse. “Vamos fazer a manutenção, as correções e vamos dar novas opções aos motoristas. Temos todo um projeto de recuperação viária do Plano Piloto que já está em andamento”, explicou.

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Boom imobiliário torna o DF terra de corretores




Diego Amorim - Correio Braziliense
Publicação: 25/04/2010 10:16 Atualização: 25/04/2010 19:47
Líbia Dalva, formada em Direito pela UnB - ( Iano Andrade/CB/D.A Press )
Líbia Dalva, formada em Direito pela UnB
Sem salário fixo nem a estabilidade tão prezada em terra de servidor público, a profissão de corretor de imóveis se transformou em uma das mais promissoras na capital federal. Em nenhum outro lugar do país, ganha-se tanto dinheiro vendendo casas e apartamentos como em Brasília. Advogados, engenheiros, economistas e até profissionais de saúde têm migrado para a corretagem. No ano passado, o contingente desses profissionais saltou 21,7% no Distrito Federal, segundo levantamento do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci). O crescimento nacional foi de 11,5%.

O boom imobiliário da última década provocou uma mudança no perfil do corretor. Antes encarada como atividade de fim de carreira ou apenas uma oportunidade para verba extra, a corretagem virou profissão cobiçada por jovens recém-formados, cada vez mais dispostos a investir no ramo. O mercado superaquecido passou a exigir profissionais especializados e em constante formação. Atentas a uma demanda crescente, escolas de negócios começam a oferecer cursos de gestão imobiliária.

Há cerca de 8,5 mil corretores em atuação no DF. E todo mês o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) credencia cerca de 200 profissionais. Em tese, 5% do valor do imóvel vendido fica com o corretor. Mas geralmente esse percentual é repartido na imobiliária à qual ele está associado, se for o caso. Por mês, um corretor ganha no Brasil, em média, de R$ 2 a R$ 3 mil. No DF, a média sobe para R$ 5 mil. Em meses de pico de vendas, alguns chegam a faturar R$ 30 mil ou mais.

Como todo autônomo, no entanto, o corretor não tem dinheiro certo no fim do mês. Aqueles que trabalham para imobiliárias ganham, no máximo, uma ajuda de custo para gastos com combustível, telefone e alimentação. De resto, é ele quem faz o próprio salário. No DF, os preços dos imóveis atraem corretores de outros estados. Em um lugar onde o metro quadrado pode custar R$ 12 mil, aumenta-se a chance de ganhar uma bolada em uma única venda.

O Noroeste e os investimentos em cidades do DF e do Entorno crescem a expectativa por ganhos elevados e a curto prazo. O presidente do Creci, Hermes Alcântara, nega modismo ou deslumbramento em torno da profissão. “Isso é real. Só tem um jeito de o mercado desaquecer: se revogarem a lei da oferta e da procura”, diz. “Pelo menos nos próximos 20 anos, o corretor será a profissão do momento, ainda mais em Brasília”, completa o presidente do Cofeci, João Teodoro da Silva.

Mudança
A família e os amigos de Líbia Dalva, 24 anos, formada em direito pela Universidade de Brasília (UnB), se espantaram quando ouviram dela a decisão de trabalhar como corretora. Filha de procurador aposentado, irmã de servidor do Ministério Público, a jovem estava predestinada a encarar a rotina de concurseira após a formatura, em 2008. “Para frustração geral, peguei outro caminho”, afirma ela, que começará no mês que vem uma pós-graduação voltada para construção civil e gestão imobiliária.

Em dezembro do ano passado, Líbia consagrou-se a corretora que mais vendeu na imobiliária onde trabalha. Encontrou dono para 23 apartamentos. “A família e os amigos pensaram que eu ficaria só um tempo e depois cansaria dos plantões nos fins de semana e feriados. Mas, pelo contrário, me apaixonei ainda mais”, diz. As 13 horas de trabalho por dia, em média, têm rendido um bom salário, que ela não revela, mas reconhece ser maior que o de muitos servidores públicos. “E eu quero mais”, pondera.

Vida de corretor é aventura. Seis anos atrás, o farmacêutico Rafael Faria de Melo, 26, também optou por ela. Trocou o jaleco pela gravata. Largou o emprego em que ganhava R$ 1,2 mil e encarou os salários incertos. “Tinha tudo para deslanchar na área de saúde, mas sou ambicioso”, comenta Rafael, que hoje coordena uma equipe de 23 corretores e, segundo ele, chega a ganhar, em meses de lançamentos, 12 vezes mais que no trabalho anterior.

Segundo mercado

Em fevereiro deste ano, o Correio divulgou que o mercado imobiliário do Distrito Federal ultrapassou o do Rio de Janeiro e, em 2009, se consolidou como o segundo do país em faturamento e em número de unidades vendidas. Os lançamentos movimentaram R$ 11,7 milhões por dia, um total de R$ 4,3 bilhões no ano. Cerca de 14 mil unidades ganharam o mercado brasiliense.

Personagem da notícia: Corretor José Maria Pereira Cirqueira já foi porteiro, eletricista e encarregado, em Águas Claras - (Iano Andrade/CB/D.A Press )
Personagem da notícia: Corretor José Maria Pereira Cirqueira já foi porteiro, eletricista e encarregado, em Águas Claras
Escalada Radical


Ele vende apartamentos do prédio que ajudou a erguer. José Maria Pereira Cirqueira, ou simplesmente Zé Maria, nasceu em Goiânia. Depois, mudou-se para Belém, no Pará, onde se casou, teve duas filhas e trabalhou como vendedor de roupas. O negócio não deu certo e ele decidiu se mudar para o Distrito Federal em busca de emprego. No primeiro bico, como vigia de obra, ganhava R$ 450 por mês. Em seguido, virou porteiro no Sudoeste. Acabou demitido por “corte de gastos” e chorou.

Longe da família, se virou como pôde: foi padeiro, confeiteiro, cabeleireiro, eletricista. Em 2004, conseguiu ser “fichado” em uma obra de Águas Claras. Carregou tijolo, areia e suou muito para colocar de pé mais um arranha-céu do maior canteiro de obras da América Latina. Nesse meio tempo, separou-se da mulher. Transferido para o almoxarifado da obra, encantou-se com o trabalho dos corretores que visitavam o prédio inacabado. Certo dia, foi convidado por um deles a fazer o curso.

Zé Maria topou o desafio. Pediu demissão e usou o seguro-desemprego para pagar as aulas. Em 2008, celebrou a carteira profissional do Creci. Comprou calça social, sapato, mandou fazer faixas e cartões de visita, pagou anúncios no jornal e começou a trabalhar. Hoje, de ônibus e metrô, percorre o DF inteiro com uma boina na cabeça e o nome Zé Maria estampado na camisa. Em pouco mais de um ano, calcula ter vendido 32 apartamentos, inclusive no prédio onde trabalhou na construção.

O salário de R$ 450 ficou no passado. O ajudante de obra que virou corretor engorda o pé de meia a cada mês. Comprou 38 cabeças de gado, mas não quer carro nem imóvel próprio. Por quê? Em 10 anos, quando estiver com 52 anos, planeja abrir uma pousada em algum lugar do Norte ou Nordeste. Até lá, pretende economizar e vender muitos apartamentos. “Anota aí: corretor só existe porque insiste. Ninguém quer saber se eu tenho carro ou não, querem comprar imóvel, e eu vendo”, diz Zé Maria.

Picaretas atrapalham

Para não ter de pagar honorários a corretores e imobiliárias, há quem decida vender imóveis por conta própria. Na avaliação do presidente do Creci, Hermes Alcântara, muita gente não confia no trabalho do corretor. “Os picaretas mancham a nossa imagem”, afirma. Somente nos três primeiros meses deste ano, o conselho identificou 69 pessoas que exerciam a profissão ilegalmente. Sete funcionários são responsáveis pela fiscalização em todo o DF.
Quem atua como corretor sem ter o curso específico nem a carteira do Creci comete uma contravenção penal e, por isso, pode pegar de 15 dias a três meses de prisão, além de ser obrigado a pagar multa. Mas, geralmente, quando levado à delegacia, o acusado assina um termo circunstanciado e é liberado. "O primeiro erro parte do comprador, que não procura saber se aquele corretor é ou não credenciado", comenta Alcântara.

Para saber mais

Atividade exige curso

Para ser corretor, é preciso fazer um curso de técnico em transações imobiliárias — de 900 horas/aula de duração — ou um curso de nível superior em gestão de negócios imobiliários — de dois anos de duração. Em Brasília, o curso superior é oferecido pela Unieuro. Os técnicos, por seis escolas. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) oferece MBA na área.
Com o certificado do curso em mãos, é preciso fazer a inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis. A anuidade é de R$ 395. Em 12 de maio de 1978, foi aprovada a chamada Lei dos Corretores de Imóveis — Lei Federal nº 6.530 —, que regulamentou a profissão.

Dicas

Todo corretor deve ter uma carteira do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Não feche negócio com quem não seja cadastrado. Imobiliárias também precisam ser cadastradas

Exija o contrato de prestação de serviço e o leia com atenção. Verifique a documentação do imóvel e do vendedor

Fique esperto: realizar
cadastro de reserva não garante
a compra do imóvel

Peça para ler a minuta do contrato do imóvel e, se sentir necessidade, leve-a para um advogado especializado na área ou procure o Procon

Certifique-se de que as informações presentes nos folhetos entregues pelos corretores condizem com a planta apresentada, se for o caso. Guarde todo o material promocional do empreendimento

domingo, 25 de abril de 2010

Moradores de Sobradinho reclamam do atraso nas obras da BR-020


Atualizado em: Sábado, 24/04/2010 às 11:28:37


Moradores de Sobradinho reclamam da demora na conclusão das obras de restauração e duplicação de trechos da BR-20, rodovia federal que liga Brasília a Fortaleza. Iniciada no final de 2007, a obra era prevista para acabar em 350 dias. Depois de mais de dois anos, os desvios na pista continuam sendo um transtorno para os cerca de  50 mil motoristas que transitam pelo local diariamente.
São  dois os trechos com maior retenção de veículos. Um fica  próximo ao Colorado e, o outro,  na altura do Condomínio Morada dos Nobres. André dos Santos é porteiro do Condomínio e afirma que o trânsito piorou muito desde o início das obras. "Nos horários de pico, fica tudo parado. De manhã, o congestionamento começa às 6h30 e, se tiver qualquer acidente, vai até as 10h".
Como, pela manhã, o fluxo de carros é muito intenso no sentido Sobradinho/Plano Piloto, os desvios formam verdadeiros  gargalos. O fato, entretanto, é tratado com naturalidade pelo administrador regional de Sobradinho, Alexandre Yanez. "Toda obra cria um transtorno momentâneo. Mas esses desvios foram feitos para poder construir um viaduto que, quando concluído,  será totalmente benéfico", argumenta 
Mas não são somente os motoristas que sofrem com a pista. No local onde ainda só é possível encontrar a   terra mexida para a construção do terceiro viaduto, homens e mulheres se aventuram no desafio de cruzar os dois sentidos da via para chegar ao ponto de ônibus. Mas se engana quem pensa que o perigo acaba quando os pés se fixam embaixo da parada. É  bem na sinuosa curva do desvio que se encontra o ponto de ônibus, na altura do Condomínio Vivendas Serranas.
  Orçada em R$ 73,8 milhões, a obra visa melhorar o tráfego na rodovia responsável por ligar  cidades, como Sobradinho e Planaltina, ao Plano Piloto. Além do tráfego urbano, a via recebe um grande volume de veículos vindos das regiões Norte e Nordeste, com destino a outras regiões do País.
  
  As obras   iniciam no balão do Colorado e vão até Formosa (GO), totalizando 43 quilômetros. Entre o balão do Colorado (km 0) e a  saída norte de Sobradinho (km 9) era prevista a construção de três viadutos, mas apenas dois foram concluídos. Uma empresa contratada é responsável pela obra sob supervisão do DER-DF.
 
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Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br