sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fercal

Fercal, que surgiu em função de indústrias, comemora 53 anos com muita festaMoradores sabem que precisam lutar por melhorias para a comunidade

Rodolfo Borges

Publicação: 11/09/2009 08:00




A Fercal celebra amanhã seu 53º aniversário, mas as comemorações na região que mais contribui com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Distrito Federal já começaram (veja programação). Casa de 23 grandes indústrias (1)de cimento, calcário, tinta e asfalto, entre outras, a Fercal conta atualmente com 25 mil moradores e pleiteia o status de região administrativa do DF. A cidade, que margeia as rodovias DF-150 e DF-205, é composta por 14 comunidades e atualmente faz parte de Sobradinho II.

Em seus 53 anos de história, a Fercal tem muito a comemorar — como a chegada de luz e asfalto —, mas antigos problemas ainda incomodam os moradores. O principal deles, segundo o próprio chefe da gerência responsável pela área, é o transporte. “São poucos os ônibus que passam por aqui, e os que passam estão em péssimas condições”, reclama o gerente Ronaldo Teodoro. De acordo com ele, a gerência da Fercal chegou a solicitar interferência da Secretaria de Transportes do DF no início do ano, mas nada foi feito.

Líder comunitária e moradora da Fercal há 27 anos, Tereza Ferreira da Silva, conhecida na comunidade como Tereza da Fercal, engrossa o coro contra as empresas de ônibus que atuam na região, mas prefere lembrar as vitórias que ela e os vizinhos tiveram nas últimas décadas. “Quando cheguei, não tinha luz e precisávamos buscar água no córrego às 5h”, conta a mulher de 57 anos. As coisas começaram a mudar depois que a escriturária passou a mandar bilhetes para políticos que frequentavam a comunidade.

Os pedidos por melhorias renderam os primeiros poços artesianos da Fercal e motivaram a população a se mobilizar por mais benefícios. “Nosso maior trunfo é a DF-150 ,sup>(2), que fica no meio da cidade. Quando a situação era muito ruim, chegamos a fechar a pista”, lembra a líder comunitária, cuja próxima luta é transformar a Fercal em região administrativa. “É a única forma de melhorar mesmo a região e fazer justiça a ela”, considera. “Sai muito imposto daqui, mas ele não volta”, completa.

Para Ronaldo Teodoro, a existência de regiões administrativas com densidade populacional menor, como Park Way e Vicente Pires, advoga a favor da Fercal. “Não queremos mais depender de outras cidades”, explica o gerente, que tem dado atenção especial ao abastecimento de água da região. “Nossa água é muito insalubre, de baixa qualidade. Estamos construindo dutos na região do Polo de Cinema de Sobradinho para melhorar o abastecimento”, conta.

Tranquilidade
Antônio Vitorino, conhecido como Neto, confirma que beber a água da Fercal não é boa ideia. “Ela é muito salgada. Só dá para tomar banho mesmo”, diz. Nascido no Piauí, o barbeiro de 35 anos veio para o DF há 12 para cobrir férias de um colega no salão de beleza da irmã e acabou ficando. “O melhor da Fercal é a tranquilidade. Posso deixar minha moto no meio da rua com a chave na ignição que o pessoal leva lá em casa”, brinca Neto, que recentemente deixou o emprego no salão da irmã para abrir seu próprio negócio, também na Fercal.

Deraldino Alves dos Santos, 43, é outro que se diz satisfeito com a calmaria da região. Dono de uma pastelaria, o comerciante circula tranquilamente pelas ruas da Fercal durante a madrugada. “Vim para cá em 1996, para trabalhar em uma fábrica de cimento. Há dois anos resolvi abrir a pastelaria, mas não saio daqui”, conta Deraldino, dono da pastelaria Tailine, uma homenagem às filhas Taiane e Aline.

1 - Doenças
Os moradores da Fercal encaram as indústrias como um mal necessário. São muitos os casos de doenças respiratórias na região, devido às partículas de cimento que se espalham pelo ar constantemente, mas as empresas garantem trabalho para cerca de duas mil pessoas e dão preferência a moradores locais.

2 - Reforma
As obras de duplicação da DF-150 estão paralisadas há oito semanas. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) autorizou o início da obra, orçada em R$ 47 milhões, em março, mas a duplicação foi embargada pelo Instituto Chico Mendes por conta da proximidade com a Reserva da Contagem.

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